quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Nós e os Gatos



  Bom, olhando pela internet me deparei com essa maravilhosa
crônica da autora Martha Medeiros, eu achei ela muito parecida comigo e com meu gato Holly Night(muitos acham estranho o nome) e tenho certeza que quem tiver um gatinho também vai se identificar.



   "Algum expert em felinos há de elucidar esse mistério, provavelmente estou errando em alguma coisa. Mas um profissional ligado às ciências humanas talvez 
me saísse com essa: ele apela para o dengo porque precisamos de constantes demonstrações de amor. Homens, mulheres e, pelo visto, gatos também.

  Você sabe que é amado, o amor já lhe foi entregue, está ali, no seu prato. É todo seu. Em caso de dúvida, é só chegar e pegar seu quinhão, nunca vai faltar. Serve assim? Não serve. Você quer a renovação diária de declarações, quer ouvir “eu te amo” todos os dias, quer ser mimado, cuidado, quer que os outros 
parem de trabalhar para lhe dar atenção, quer que reparem na sua fome, quer se sentir importante. Em suma, quer que seja colocado mais amor no seu prato,de quatro a cinco vezes por dia, todos os dias.

  Eu amo o Nero – é como ele se chama. Eu o adotei, o trouxe pra casa, deixo que ele se enrosque no meu edredom, que afie as garras nos meus móveis, que mastigue minhas plantas e que brinque com minhas lixas de unha. Como moro em edifício, fecho todas as janelas para ele não saltar (mesmo no auge do calor),
 o levo para tomar banho (principalmente no auge do calor), compro ração da melhor qualidade e de vez em quando até dou a ele uns pedacinhos de filé mignon extraídos do meu próprio almoço, o que ninguém recomenda fazer, mas faço. Encho o bicho de carinho, de cafuné, de olhares afetuosos – não é qualquer um que consegue isso de mim. O Nero consegue, e ainda assim é inseguro.

Pelo visto, carência é uma enfermidade universal. Nem os gatos, tão altivos e superiores, escapam..."




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